Abbagnano, Nicola (1901-1990) | |
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Filósofo italiano. Influenciada pelo pensamento de Kant, suas obras, "O existencialismo positivo (1948)" e "História da filosofia (1949-1953)", tem por tema principal o significado da existência. |
Abelardo | ||
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Teólogo e filósofo defendeu o exame crítico das Escrituras à luz da razão por acreditar na capacidade da mente humana de alcançar o verdadeiro conhecimento natural. Estudou em Paris e foi professor da catedral de Paris (Notre Dame), a clareza do seu espírito atraiu uma multidão de discípulos. É conhecido, popularmente por sua ligação amorosa com Heloísa, sobrinha do cônego Fulbert, tornando-se famosa a correspondência que trocaram, pois refletem o temperamento a um só tempo espiritual de Abelardo. Seu livro mais famoso, Sic et non (Sim e não) foi escrito em 1121-1122. Nele apresenta argumentos contra e a favor de quase todas as grandes teses filosóficas da época, método que santo Tomás de Aquino retomaria na Suma teológica. Abelardo chama esse jogo lógico de "dialética" e o acha importante para aguçar o espírito. Sua filosofia é em grande parte uma análise da linguagem, que se torna notável ao estudar o problema dos "universais". |
Absoluto | ||
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Com uma abordagem idealista ou materialista, a noção de absoluto é tentada pelas mais diversas correntes do pensamento filosófico, desde os pré-socráticos, com seu princípio monista, até Schopenhauer, com o conceito de vontade cega, passando pela idéia de substância, formulada por Spinoza, e pelo materialismo dialético, próprio da filosofia marxista. Assim o conceito de absoluto e sua relação com a realidade sensível é um dos problemas fundamentais na história da filosofia. Segundo Aristóteles, do ponto de vista metafísico, o absoluto é, "o que existe e subsiste em si e por si", ou seja, o motor imóvel, causa de todas as causas, que, como fundamento último da realidade, não é afetado por suas leis. O absoluto, assim concebido como pura transcendência, não pode ser definido positivamente. Pode-se dizer que o absoluto não tem causas, pois se as tivesse dependeria de outra coisa; não tem forma, pois seria determinado por ela; e que nada existe fora dele, pois nesse caso não seria absoluto. Essa concepção de absoluto se encontra nos fundamentos do pensamento medieval e, mais especificamente, na teologia negativa, que identifica o absoluto com Deus, de quem só se pode saber o que não é e não o que é. Nicolau de Cusa afirma que "o conhecimento da verdade absoluta transcende nosso entendimento finito" e que "Deus se entende incompreensivelmente". A concepção de absoluto como entidade substantiva diferente de Deus aparece no idealismo alemão, como o fundamento último da razão e esta, da realidade. Kant afirma que o fundamento último da razão tem que ser absolutamente incondicionado. Fichte leva a idéia de absoluto ao extremo subjetivismo, identificando-o com o eu universal. Friedrich Schelling entende o absoluto como fundamento universal da realidade, que contém em si mesmo seu princípio espiritual. A unidade entre sujeito e objeto proposta por Schelling é à base da crítica hegeliana a sua concepção de absoluto e para tentar resolver o problema das concepções metafísicas sobre o absoluto em sua relação com o intelecto, concebe a razão humana como uma espécie de outra razão superior, a do espírito absoluto, que se realiza a si mesmo no tempo, mediante um processo dialético, de natureza lógica, que é também histórico. É o próprio espírito absoluto que pensa a si mesmo e faz culminar o processo com a consciência absoluta de si mesmo. Na filosofia moderna, a noção de absoluto confunde-se com a de totalidade e de fundamento do real, seja ela concebida de um ponto de vista idealista ou materialista. A reflexão sobre o absoluto tem constituído a tarefa básica de todas as filosofias, seja para tomá-lo como postulado ou, como acontece na analítica contemporânea, para afirmar a impossibilidade de emitir juízo algum sobre ele. |
Abstração | ||
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É uma operação intelectual pela qual o espírito separa mentalmente coisas, de fato inseparáveis. Uma das muitas atividades da mente, por meio da qual se faz com que determinadas idéias representem todos os objetos da mesma espécie. |
Abstrato | ||
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Diz-se de toda noção que resulta de uma abstração como, por exemplo: Se um termo se refere a algo abstrato daquilo que é referido é porque não tem existência espaço-temporal, isto é, o contrário de concreto, qual Berkeley considera, não existe num lugar qualquer nem num determinado momento, sendo o que está intimamente ligado diretamente ao conceito. Na Filosofia Clínica o termo abstrato tem dimensões além daquelas tratadas nas idéias particulares, em Locke universalizadas. Segundo, o filósofo, Lúcio Packter, o termo abstrato é o que está indiretamente relacionado aos sentidos, e diretamente ligado a conceitos, como, por exemplo, entendemos que um aroma é diferente de outro por suas naturezas distintas. |
Absurdo | ||
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No passado mais remoto, a noção do absurdo esteve latente nas filosofias irracionalistas ou nas que se recusavam a encontrar uma explicação racional para a existência. Paralelamente a essas filosofias, tal noção encontrava-se também subjacente em muitas expressões artísticas, sobretudo nas manifestações do fantástico, da literatura dos sonhos, do humor como conceitos afins ao de absurdo no sentido moderno, mas distintos porque o absurdo teria sempre um sentido, embora inexplicável e recôndito; o fantástico se situaria numa fronteira indefinida entre a realidade e a irrealidade, ou seria um modo peculiar de ver a existência, por meio de fantasias individuais, enquanto o sentimento do absurdo estaria ligado ao real em si mesmo, independentemente das projeções subjetivas. Já o humor negro se caracterizaria como expressão essencialmente gratuita, não comprometida com a busca de significações para o real. A noção do absurdo da existência é convertida em núcleo básico de importantes expressões filosóficas e artísticas do século XX como Søren Kierkegaard, Miguel de Unamuno e outros. A afinidade com o absurdo se evidencia em autores do século XX que utilizaram o fantástico como elemento de uma nova indagação sobre a existência. Mesmo o humor negro, caracteriza-se pela gratuidade em autores de um passado recente (os surrealistas, por exemplo), revelou-se carregado de novas conotações nas obras de Kafka ou Beckett. Os existencialistas rejeitaram as hipóteses metafísicas e teológicas para a explicação da existência. Em seu lugar, introduziram a noção do fracasso ontológico do homem, cuja vida seria uma "paixão inútil" (Sartre) e procuram uma saída para o dilema da condição humana, propondo a escolha lúcida do próprio destino (Sartre) ou a revolta (Camus). Esta saída foi negada pelos representantes do teatro do absurdo (Samuel Beckett, Eugène Ionesco), que não admitem sequer a possibilidade de explicação para o real, proclamando a impotência dos atos humanos. Neles, ao contrário dos existencialistas, de expressão quase sempre realista, o absurdo emerge funcionalmente na própria representação cênica, com a mímica grotesca, o humor negro e as expressões parabólicas. O grande marco do absurdo moderno são os romances e contos de Kafka quando não apontam saídas e a ação dos personagens parece desprovida de significação estando condicionada a potências imprevisíveis e invisíveis. Seus personagens ignoram os crimes de que são acusados e suas tentativas de defesa revelam-se grotescas e destinadas ao fracasso. A tese do absurdo existencial foi explicitada por Albert Camus "O mito de Sísifo, ensaio sobre o absurdo" (1942), onde o personagem mitológico Sísifo, rolando montanha acima uma pedra que sempre volta a cair, encarna a inutilidade do esforço humano. Ao lado da expressão filosófica, a obra ficcional e dramática de Jean-Paul Sartre e Camus revelaria também, por meio de situações típicas, a problematização do absurdo. As mais características, nesse sentido, seriam "O muro" (1939), contos de Sartre em que os personagens decidem sobre seus destinos contra as leis da razão social; e Calígula (1944) e a Peste (1947), drama e romance de Camus em que os personagens se rebelam contra a própria condição humana, reduzida a sua impotência individual ou coletiva. |
Academia | ||
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Escola filosófica fundada por Platão em 387 a.C., nos jardins consagrados ao herói ateniense Academos. Fechada no ano 529 por ordem do imperador romano Justiniano. |
Acidente | ||
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Designação genérica de diversas circunstâncias ou qualidades que podem determinar uma substância, sem constituir, contudo um de seus elementos essenciais. |
Adorno, Theodor | ||
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Filósofo e crítico musical, foi uma das figuras que mais contribuíram para denunciar a mercantilização que atinge a arte contemporânea. Foi professor na Escola de Frankfurt, constituiu o núcleo de uma linha original de pensamento filosófico-político desenvolvido por Walter Benjamim, Max Horkheimer, Herbert Marcuse, Wilhelm Reich, Jürgen Habermas e Adorno. A teoria crítica proposta por esses pensadores se opõe à teoria tradicional, que se pretende neutra quanto às relações sociais. Ela toma a própria sociedade como objeto e rejeita a idéia de produção cultural independente da ordem social em vigor. Adorno regressou à Alemanha em 1949, retomou a atividade docente e participou intensamente da vida política e cultural do país. Antes de sua morte em Visp, Suíça, em 6 de agosto de 1969, teve destacada e polêmica participação nos movimentos estudantis que sacudiram a Europa a partir de maio de 1968. Fundamentado na dialética de Hegel, Adorno imprimiu um conteúdo sociológico a seus escritos filosóficos e musicais. O jazz, a música, o teatro engajado e a literatura realista foram alguns dos objetos de reflexão escolhidos por Adorno para denunciar a mercantilização que atinge a arte contemporânea. O conceito de "indústria cultural" foi criado por Adorno para designar a exploração sistemática e programada dos bens culturais com finalidade de lucro. A obra de arte produzida e consumida segundo os critérios da sociedade capitalista se rebaixa ao nível de mercadoria e perde sua potencialidade de crítica e contestação. Produziu algumas das obras capitais do pensamento estético, como a "Dialética do esclarecimento" (1947), em colaboração com Horkheimer, a "Filosofia da nova música" (1949) e a inacabada "Teoria estética" (1970), na qual trabalhou até a morte. |
Agnosticismo | ||
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Agnosticismo é aquilo que limita o conhecimento ao âmbito puramente racional e científico, negando esse caráter à especulação metafísica. Filosóficamente é interpretado, em sentido estrito, como um posicionamento diante das questões religiosas que sustenta ser impossível demonstrar tanto a existência quanto a inexistência de Deus. Os pensadores dogmáticos que postulam um caminho místico ou irracional de abordagem do absoluto, mantem a mesma posição do sentido estrito, mas negam que se possa chegar a conhecer alguma coisa a respeito do modo de ser divino. Em essência, ele emanaria de uma fonte racionalista, ou seja, de uma atitude intelectual que considera a razão como o único meio de conhecimento suficiente e o único aplicável, pois só o conhecimento proporcionado pela razão satisfaria as exigências de uma ciência rigorosa. Não nega, nem afirma a possível existência de seres espirituais, transcendentes ou não visíveis, e sim deixa em suspenso o juízo, abstém-se de pronunciar-se sobre sua existência e realidade, atuando de acordo com essa atitude. Nessa ordem de coisas, ainda que admita a possível existência de um ser supremo, ordenador do universo, sustenta que, científica e racionalmente, o homem não pode conhecer nada sobre a existência e a essência de tal ser, pois o agnosticismo circunscreve o conhecimento humano aos fenômenos materiais, e rejeita qualquer tipo de saber que se ocupe de seres espirituais, transcendentes ou não visíveis. Thomas H. Huxley criou o termo "agnosticismo" para ser uma antítese ao "gnóstico" da história da igreja. Uma atitude filosófica que nega a possibilidade de dar solução às questões que não podem ser tratadas de uma perspectiva científica, especialmente as de índole metafísica e religiosa. Essa definição de Huxley possibilitou diferentes concepções do agnosticismo ao longo da história. No âmbito filosófico, o empirismo, de David Hume, negou a possibilidade de se estabelecer leis universais válidas a partir dos conteúdos da experiência. O idealismo transcendental, de Kant, afirmou que o intelecto não pode conhecer a coisa-em-si, isto é, a essência real da coisa. O positivismo lógico, do século passado, estabelece que as proposições metafísicas não têm significado e, por isso, não é possível demonstrá-las. No âmbito religioso, o agnosticismo não nega nem afirma a existência de Deus, mas considera que não se pode chegar a uma demonstração racional dela; essa seria, em essência, a tese de Hume e de Kant, muito embora este considerasse possível demonstrar a existência de Deus como fundamento da moralidade. |
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