quarta-feira, 23 de maio de 2012

TRABALHADORES, UNI-VOS!

Os cientistas sociais não têm a mesma compreensão do papel da ciência. Se, para Max Weber e Georg Simel, por exemplo, a ciência social deveria se afastar da esfera moral e política, para Émile D. e Karl Marx cabia a ela produzir um tipo de conhecimento capaz de conduzir os homens a uma vida melhor e a uma sociedade mais justa. Marx levou até as últimas consequências o papel político da ciência através de sua concepção da luta de classes sociais. Além de propor uma teoria sobre a transformação das sociedades, convocou os homens, e especialmente a classe trabalhadora, a serem agentes da história. Os indivíduos não escolhem a classe social as quais pertencem, mas suas concepções de mundo, valores, opiniões políticas, posição social, renda e muitos outros aspectos de suas vidas são modelos pelo pertencimento a uma determinada classe. Embora Marx reconhece que em uma sociedade pode haver uma variedade de classes sociais, considerava que o principal conflito social é o que opõe as classes dominantes e as classes dominadas. Em todos os períodos da história ocidental houve classes antagônicas: escravo x senhor; servo x senhor feudal; proletariado x burguesia. No estágio atual  da história, a classe dominante é a burguesia, que em sua origem teve o mérito de ser uma classe revolucionária. Usando largamente as inovações tecnológicas e científicas, a burguesia alterou a formar de produzir. Além disso, a partir de sua concepção de mundo, nada mais ficou de fora da esfera do ganho e do lucro. O novo regime de trabalho inaugurado por ela ficou conhecido como capitalismo. Apesar de produzir riqueza em larga escala, o capitalismo não distribui essa riqueza, concentrando-a nas mãos de alguns poucos, enquanto a maioria da população sofre inúmeras privações. Por essa razão, Marx convocou os trabalhadores a se  tornarem agentes da história e a conduzirem a superação do capitalismo. Temos assim, em Marx, o encontro da ciência com a política.

KARL MARX E A HISTÓRIA DA EXPLORAÇÃO DO HOMEM


Socialismo científico ou Socialismo marxista foi criado por Karl Marx (1818 - 1883) e Friedrich Engels (1820 - 1895), quando estes desenvolveram a teoria socialista, partindo da análise crítica e científica do próprio capitalismo, em reação contrária as ideias espiritualistas, românticas, superficiais e ingênuas dos utópicos.Ao contrário dos utópicos, Marx e Engels não se preocuparam em pensar como seria uma sociedade ideal. Preocuparam-se, em primeiro lugar, em compreender a dinâmica do capitalismo e para tal estudaram a fundo suas origens, a acumulação prévia de capital, a consolidação da produção capitalista e, mais importante , suas contradições. Perceberam que o capitalismo seria, inevitavelmente, superado e destruído. E, para eles, isso ocorreria na medida em que, na sua dinâmica evolutiva, o capitalismo, necessariamente, geraria os elementos que acabariam por destruí-lo e que determinariam sua superação. Entenderam, ainda, que a classe trabalhadora agora completamente expropriada dos meios de subsistência, ao desenvolver sua consciência histórica e entender-se como uma classe revolucionária, teria um papel decisivo na destruição da ordem capitalista e burguesa. Marx e Engels afirmaram, também, que o socialismo seria apenas uma etapa intermediária, porém, necessária, para se alcançar a sociedade comunista. Esta representaria o momento máximo da evolução histórica do homem, momento em que a sociedade já não mais estaria dividida em classes, não haveria a propriedade privada e o Estado, entendido como um instrumento da classe dominante, uma vez que no comunismo não existiriam classes sociais. Chegar-se-ai portanto, à mais completa igualdade entre os homens. Para eles isso não era um sonho, mas, uma realidade concreta e inevitável. Para se alcançar tais objetivos o primeiro passo seria a organização da classe trabalhadora.

teoria marxista, expressa em dezenas de obras, foi claramente apresentada no pequeno livro publicado em 1848, O Manifesto Comunista. Posteriormente, a partir de 1867, foi publicada a obra básica para o entendimento do pensamento marxista: O Capital, de autoria de Marx. Os demais volumes, graças ao esforço de Engels, foram publicados após a morte de Marx.
Os princípios básicos que fundamentam o socialismo marxista podem ser sintetizados em quatro teorias centrais:

  • teoria da mais-valia, onde se demonstra a maneira pela qual o trabalhador é explorado na produção capitalista;
  • teoria do materialismo histórico, onde se evidencia que os acontecimentos históricos são determinados pelas condições materiais (econômicas) da sociedade;
  • teoria da luta de classes, onde se afirma que a história da sociedade humana é a história da luta de classes, ou do conflito permanente entre exploradores e explorados;
  • teoria do materialismo dialético, onde se pode perceber o método utilizado por Marx e Engels para compreender a dinâmica das transformações históricas. Assim como, por exemplo, a morte é a negação da vida e está contida na própria vida, toda formação social (escravismo, feudalismo, capitalismo) encerra em si os germes de sua própria destruição.